A Batalha de Termópilas, um imenso sentimento para os gregos, em especial é claro, os Espartanos. Ocorrida em 19, 20 e 21 de agosto do ano 480 a.E.C. (a data no entanto é motivo de debates, mas levando em conta o dia do festival da Carnéia, 12 de agosto, esta data é a mais próxima da verdade). Após a derrota persa em Maratona em 12 de setembro de 490 a.E.C., Xerxes, filho de Dario, organiza uma segunda campanha para conquistar a Grécia, com um exército imenso e que segundo relatos antigos, ao caminhar toda a terra tremia e ao beber água, secava o rio.
Segundo Heródoto, o pai da História, o exército persa contava que até as Termópilas, a frota de Xerxes não havia encontrado empecilhos em seu caminho. Compunha-se de 1.207 navios vindos da Ásia, com 241.400 homens de diversas nações (tamanho era o Império Persa), incluindo Persas, Medos, Sácios, tripulantes do navio (50 remadores) e 80 homens por navio, totalizavam 240.000 indivíduos. A força naval da Ásia compunha-se de 517.610 guerreiros, e claro, o exército de terra era composto de 1.700.000 homens de infantaria e 80.000 de cavalaria, contando Árabes e Líbios. Juntando as tropas recrutadas na Europa, da qual Heródoto não cita as nações, os Trácios totalizavam mais de 24.000 homens, e todos os povos que compunham a Trácia, contava-se mais de 300.000 homens. Acrescentando as tropas da Ásia, perfazendo um total de 2.640.610 homens. Essas eram as tropas que o soberano persa lançava contra a Grécia.
No início de agosto, antes da chegada da lua cheia, houve em Atenas uma assembleia, a qual se reuniram todos os reis e líderes das Pólis gregas, debatendo a defesa da Hélade. O general e político ateniense Temístocles, defendeu a ideia de fazer o bloqueio da frota naval persa no estreito de Artemísio, no norte da ilha da Eubéia, enquanto o rei espartano Leônidas, bloquearia o exército persa na estreitíssima passagem das Termópilas (portões quentes em grego). Mas Leônidas encontrava-se em um dilema: como conseguir reunir soldados contra o inimigo, pois a Grécia vivia tempos religiosos e os Jogos Olímpicos que não permitia batalhas, sem contar o receio de enfrentar o gigantesco exército persa.
Foi então que os Éforos (conselheiros anciãos de Esparta) disseram a Leônidas que Esparta não poderia partir para uma batalha, pois a festa religiosa da Carnéia (em honra ao deus Apolo) estaria a começar. O Conselho de Esparta consultou o Oráculo de Apolo em Delfos, e a Pítia então proferiu as seguintes palavras em versos:
Ouçam seu destino espartanos: Ou a sua famosa e grande cidade deve ser saqueada pelos filhos de Perseu,
Ou, se isso não pode ser, toda a terra da Lacônia, irá lamentar a morte de um rei da casa de Hércules, pois nem a força de leões e touros irá segurá-lo,
Força contra força, pois ele tem o poder de Zeus,
E não terminará até que um dos dois seja consumido.
Sob todo o dilema, Leônidas se pôs em marcha para as Termópilas, tendo escolhido ele para acompanhá-lo 300 espartanos na flor da idade e com filhos. Levou também consigo tropas tebanas, comandados por Leontíades, e um contingente de Fócios e Lócrios, totalizando nada mais que 7.000 soldados gregos. Os outros aliados gregos não esperavam combater tão cedo nas Termópilas e limitaram-se a enviar um pequeno número de tropas. Ao chegar em Termópilas, Leônidas ordena que os Fócios e Lócrios protegessem a retaguarda do exército grego.
Enquanto assim deliberavam, Xerxes enviou um de seus cavaleiros para fazer o reconhecimento das tropas gregas e seu número. Ele ouviu dizer na Tessália, que um corpo de tropas havia se concentrado naquela passagem, e que os Espartanos comandados por Leônidas da raça de Hércules, formavam a vanguarda.
Xerxes já havia ouvido sobre os Espartanos, e como estes eram formidáveis guerreiros, mas claro, o soberano persa ignorou tais fatos, e se preparava para a batalha. Ao amanhecer do primeiro dia, começaram as formações, e Xerxes esperava que os gregos se pusessem em fuga, ordenando que um emissário dissesse: "serão tantas as nossas flechas, que estas cobrirão o sol". Dienekes, capitão espartano responde: "se isso acontecer, combateremos à sombra!".
Tendo iniciado o conflito, o estreito corredor das Termópilas faz com que os persas não consigam penetrar na falange espartana e lançando-se impetuosamente, os persas começam a ser esmagados pelos escudos espartanos e sendo repelidos com grandes baixas. Uma chacina se inicia e mais e mais soldados persas caem mortos. Conta-se que Xerxes, observando o combate, levantou 3 vezes de seu trono, temendo pela sorte de seu exército.
Observando a chacina, Xerxes ordena ao general Hydarnes, comandante da elite persa, que os Imortais entrem na batalha. Coordenando seu ataque, os Imortais tendo suas lanças mais curtas que a dos Espartanos, são massacrados. O desespero do soberano persa começa a se revelar, surpreso com a fibra e extrema coragem dos gregos.
O estreito corredor dava vantagem aos gregos. No segundo dia de batalha, o general persa Mardônio tenta uma trégua com Leônidas. Sem sucesso. Mostrava-se Xerxes muito preocupado, quando um pastor local, Efialtes de Mális, na esperança de obter uma boa recompensa, trai os gregos e revela ao soberano persa a trilha que conduz para a retaguarda do exército grego. Sem esperar mais, Xerxes ordena que Hydarnes lidere os Imortais em um ataque por trás dos gregos, enquanto Mardônio lidera o exército para frente dos Espartanos.
Ao avistar os Imortais, os Fócios e Lócrios abandonam os postos e avisam Leônidas, que já sabia da traição de Efialtes. O próprio Leônidas dispensa boa parte do exército e marcha com os 300 Espartanos e mais alguns tebanos e arcadianos, que decidem ficar e lutar até a morte. Leônidas diz aos Espartanos e os outros gregos: "Almocem comigo e jantem com Hades", sabendo da morte certa, da glória imortal e para Esparta uma felicidade eterna.
No terceiro dia de batalha, se inicia o cerco aos gregos. Confiante, o general Mardônio diz a Leônidas que Xerxes mataria qualquer um de seus próprios soldados pelo triunfo. Leônidas no entanto, declara: "Eu cairia morto por qualquer um dos meus".
Xerxes fez libações ao nascer do sol, e se pôs em marcha. Descendo a montanha, os persas e o soberano aproximaram-se do local visado. Leônidas, os Espartanos e os outros gregos marcharam para a morte certa, e avançaram muito mais do que haviam feito nos dois dias anteriores, no ponto mais largo do desfiladeiro, tendo assim, deixado o ponto mais estreito das Termópilas. Xerxes ordena a Leônidas que despusesse suas armas e optasse pela redenção, a qual o espartano apenas responde: "Μολὼν λαβέ" ("Venha pegá-las"). A luta travou-se em um trecho mais amplo, ali perecendo grande número de persas. Os gregos lançavam-se ao inimigo com um grande fervor pela Hélade, vendendo suas vidas a alto preço. A maioria tinha suas lanças partidas, servindo-se apenas de espadas contra os persas.
Foi assim que caiu Leônidas, depois de seus prodigiosos feitos e com a imensa coragem em ir de frente ao inimigo, ao invés de esperar que ganhassem terreno em solo grego. Com ele, pereceram outros espartanos de grande valor. Os gregos recuaram para o ponto mais estreito do desfiladeiro, após um embate feroz pelo corpo de Leônidas, próximos a uma colina que se ergue à entrada do desfiladeiro, onde havia um Leão de pedra erguido em homenagem a Leônidas. Os que possuíam espadas, com elas se defendiam, mas cercados por todos os lados, foram massacrados sem piedade. A cabeça de Leônidas foi cortada e empalada, e seu corpo crucificado. Xerxes profanou o corpo do rei Espartano e conta-se, que na noite seguinte, sonhara com Leônidas, afinal, Leônidas foi em vida, o homem o qual Xerxes nutria rancor, já que, em 3 dias de batalha, os Espartanos e os gregos mataram mais de 20.000 persas.
"Lembrem-se de nós". Essa era sua esperança. Se alguma alma livre se deparasse com aquele lugar, em todos os incontáveis séculos que faltam. Que todas as nossas vozes sussurrem para você das pedras sem idade: "Vá dizer aos espartanos, viajante, que aqui, pela lei de Esparta, nós jazemos".