Ao longo dos séculos a arquitetura grega tem influenciado as construções ao redor do mundo, e continua a ser um parâmetro para muitas edificações da atualidade. Mas ao se questionar qualquer pessoa a respeito de uma construção da Grécia Antiga, a resposta é quase imediata: Partenon.
Mas essa não é a única construção exuberante que você encontrará em Atenas, a capital e maior cidade da Grécia. Não tão famoso mundialmente, mas de fantástica beleza, o Templo de Hefesto ou Hephaesteion, localizado na Ágora Antiga, rivaliza em imponência com o templo do alto da Acrópole.
Em excelente estado de conservação, o Hephaesteion é o templo grego antigo mais bem preservado do mundo. Ele foi construído em mármore, cujo material foi retirado do Monte Penteli, situado a nordeste da cidade de Atenas. As obras tiveram início por volta do ano 449 a.E.C. e o templo foi inaugurado em 416-415 a.E.C. Segundo o escritor Pausânias, o interior do Hephaesteion abrigava as estátuas de bronze de Hefesto e Atena.
A sua função como templo dedicado a Hefesto se manteve até o final do Império Romano, quando ele foi fechado com o início da perseguição aos pagãos. Por volta do ano 700 E.C., a construção foi transformada em uma igreja cristã e dedicada a São Jorge Akamates. Em 21 de fevereiro de 1833, a última liturgia da Igreja Ortodoxa Grega foi realizada no templo, findando sua utilização como edifício cristão. No ano seguinte (1834), o primeiro rei da Grécia, Otto I, transformou a estrutura em museu, permanecendo nessa função até 1934, quando seu status foi modificado para monumento antigo e liberado para pesquisas arqueológicas.
O templo também é conhecido como Theseion, já que durante o período do Império Bizantino, o monumento foi atribuído ao herói ateniense Teseu, pois se supunha que os seus restos mortais foram ali abrigados, quando em 475 a.E.C., Kímon transportou as cinzas da Ilha de Skyros de volta para a cidade. Mas essa hipótese foi taxativamente refutada, baseando-se em inscrições no interior do templo que associa a estrutura dedicada a Hefesto.
Como o próprio nome já deixa claro, a construção era dedicada a Hefesto, filho de Zeus e Hera, rei e rainha dos deuses. Hefesto era o deus da mitologia grega associado ao fogo, aos metais, a metalurgia e patrono dos artesãos, ferreiros e escultores. Como ferreiro do Monte Olimpo, foi o responsável por forjar todas as obras da morada dos deuses.
Aos olhos dos antigos gregos, Hefesto tinha uma aparência grotesca, já que era coxo. Existem duas versões que explicam essa pequena deficiência física. A primeira, por Hera ter dado a luz um filho manco, ficou irada e ao vê-lo, atirou-o para fora da morada dos deuses. De acordo com a segunda versão, Hefesto teria participado de uma briga entre seus pais Zeus e Hera. Insatisfeito, Zeus atirou seu filho para fora do Olimpo com um pontapé. Hefesto teria se tornado coxo devido essa queda que durou um dia inteiro. Hefesto acabou caindo na Ilha de Limnos, que lhe foi consagrada e tornando-se o principal centro do seu culto.
Diferentemente do Partenon, o Templo de Hefesto mantém intactas todas as suas colunas e preserva boa parte do seu teto original. Mas as decorações da estrutura infelizmente não sobreviveram aos séculos de pilhagens. O motivo de a edificação ser a mais preservada ainda existente entre os templos gregos antigos, é pelo fato dela ter sido mantida em uso desde a sua construção, seja como templo pagão, igreja cristã e museu.
Concebido no estilo dórico, o Hephaesteion foi a primeira grande edificação construída após as guerras persas e este permanece intacto, para que possamos ter o prazer de contemplar, nos dias de hoje, essa maravilha da arquitetura grega antiga.