A maioria das pessoas já deve ter ouvido falar na história dos Doze Trabalhos de Héracles (Hércules na versão romana) e os que possuem 35 anos ou mais, provavelmente chegaram a ler quando bem jovem a versão infantil da história e que foi belamente escrita pelo Monteiro Lobato.
Além da publicação do grande escritor brasileiro, a narrativa que aborda as proezas do grande herói grego já foi tema de diversos livros, desenhos e filmes. Uma história que avança ao longo dos séculos e que nos dias de hoje ainda agrada ao público infantil bem como o adulto.
Mas você sabe quem foi Héracles e o motivo desses trabalhos terem sido impostos a ele? A partir de agora, você conhecerá uma pouco desse fascinante enredo da mitologia grega. Junte-se a nós nessa emocionante aventura da mitologia grega.
O herói grego nasceu com o nome de Alcides. Ele era filho do pai dos deuses, Zeus, com a sua amante humana Alcmena, ou seja, Héracles era um semideus, já que possuía atributos divinos e humanos.
Como a deusa Hera era casada com Zeus, ela perseguia ferozmente as amantes mortais do pai dos deuses e também os filhos bastardos fruto dessas relações. Com Héracles não seria diferente, tanto que logo ao nascer, ela enviou duas serpentes para o seu berço com a finalidade de mata-lo. Mas a criança estrangulou os dois répteis com a força das próprias mãos. Com o passar dos anos, ele foi crescendo e se tornando cada vez mais corajoso e forte fisicamente, até se transformar em um grande guerreiro. Mas a existência do semideus continuava incomodando a deusa Hera.
Héracles casou-se com Mégara, filha de Creonte, rei de Tebas. Dessa união, nasceram três filhos. A felicidade na vida familiar era completa e os seus atos heroicos lhe traziam cada vez mais glórias. Esse sucesso só fez aumentar a ira e o ressentimento da deusa Hera, e ela provocou uma loucura nele. Estando em completa falta de lucidez, o herói assassinou sua esposa e seus filhos. Ao voltar a si, desolado percebeu a desgraça que havia cometido. O rei Creonte de Tebas, o expulsou da cidade. Com a alma destroçada e repleto de culpa, dirigiu-se ao Oráculo de Delfos para receber uma orientação dos deuses. Como resposta, Héracles foi penitenciado a servir durante doze anos a pessoa que ele mais odiava, o rei Euristeu de Micenas e Tirinto, e ainda deveria também realizar doze tarefas. Caso ele completasse com sucesso tudo o que foi ordenado, ele teria a sua honra restabelecida e se tornaria imortal. Segundo a lenda, o nome Héracles foi dado a ele nesse momento pela pitonisa do oráculo e o seu significado é "Glória de Hera".
Tratava-se de uma fera que causava destruições na região da Nemeia, mas que ninguém conseguia detê-lo. O rei Euristeu exigiu que o mostro fosse morto e a pele lhe fosse levada. Héracles tentou atingir a fera com sua clava e as setas, mas não surtiram nenhum efeito. O animal só foi abatido em uma luta corporal, quando o herói o estrangulou usando as próprias mãos. Héracles não só levou a pele, como havia solicitado Euristeu, como carregou o leão inteiro em seus ombros e o entregou ao rei, que ficou muito assustado com a realização da façanha.
Era um monstro de nove cabeças, sendo a do meio imortal. Ela vivia em um pântano e devastava a região de Argos. Hércules travou uma batalha árdua com a criatura, pois toda vez que ele esmagava uma das cabeças da Hidra com a sua clava, no lugar surgiam outras duas. O monstro só foi vencido, quando Héracles queimou todas as cabeças e a nona, que era imortal, foi enterrada sob uma enorme rocha.
A Corça de Cerineia era um animal lendário que possuía pés de bronze e chifres de ouro e que tinha o poder de correr a uma velocidade assombrosa, sem se cansar. Durante um ano inteiro, Héracles a perseguiu até que exausta, o herói conseguiu atingi-la com uma flecha. Ainda ferida, foi levada nos ombros por Héracles até a presença do rei Euristeu.
O javali era um monstro terrível que diariamente descia o Monte Erimanto para afligir a vizinhança. Durante horas, Héracles perseguiu o animal, até que este cansado foi agarrado pelo herói. O feroz animal foi transportado nos ombros de Héracles e levado para o rei Euristeu.
Áugias era rei da Élida e possuía um rebanho de três mil bois e os currais não eram limpos há trinta anos. O cheiro era tão insuportável que exalava um gás mortal. Para fazer a limpeza, o semideus usou a sua força descomunal para desviar os cursos dos rios Alfeu e Peneu, cujas águas atravessaram os estábulos e fizeram a higienização em um único dia.
Esse lago fica na Arcádia e segundo a mitologia grega, criaturas aladas com asas, bicos e cabeças de ferro habitavam o lugar. Eram seres tão grandes que conseguiam barrar a luz do sol. Como eram animais de proporções muito grandes, devoravam todos os frutos da região. Usando flechas envenenadas com o sangue da Hidra de Lerna, Héracles conseguiu matar algumas aves e as que não foram atingidas, foram expulsas para outras nações.
O rei Euristeu incumbiu Héracles de capturar vivo o Touro de Creta. O violento e feroz animal levava o terror à ilha grega. Segundo a mitologia, o deus dos mares, Poseidon, ofereceu a Minos, semideus e rei de Creta, o touro para que fosse sacrificado em sua honra. Mas Minos achou o animal tão bonito e forte que ficou com pena de sacrificá-lo. Com essa recusa, Poseidon se sentiu contrariado e fez com que o animal se tornasse violento. Mas Héracles conseguiu capturar o touro, atravessou o mar carregando-o e em terra, foi transportado sobre ele até a presença do rei Euristeu.
Diomedes, rei da Trácia, era proprietário de cavalos carnívoros e que vomitavam fogo. Essas criaturas eram alimentadas por estrangeiros que eram jogados no litoral de seu território pelas tempestades. Héracles conseguiu invadir o palácio do rei, matando os guardas e dominando os serviçais, capturando assim Diomedes e se apoderando dos ferozes cavalos. Mas o herói percebeu que os animais estavam famintos. Herácles pegou Diomedes e o deu como alimento para os animais. Os cavalos foram apresentados ao rei Euristeu como prova de cumprimento de sua tarefa.
Admeta, sacerdotisa de Hera e filha do rei Euristeu, desejava muito possuir o cinturão da rainha das Amazonas. Obviamente, o rei pretendendo satisfazer a sua filha, ordenou que Herácles fosse buscar tal objeto. Mas as Amazonas constituíam uma tribo de mulheres extremamente guerreiras. Héracles que viajou juntamente com outros guerreiros, conseguiu convencer Hipólita, a rainha das Amazonas, a entregar o cinturão. Mas a deusa Hera, tomou forma humana e conseguiu convencer as outras guerreiras que o herói tinha intenções de raptar Hipólita. O navio de Héracles e seus ajudantes foi brutalmente atacado e considerando que havia sido traído pela rainha das Amazonas, o semideus matou Hipólita e suas guerreiras e ainda levou o cinturão.
O rei Euristeu delegou a Héracles que lhe trouxessem os bois de Gerião. Este era um monstro de três corpos e que vivia e governava a Ilha de Eritéia. O rebanho era protegido pelo gigante Eurítion e seu cão de duas cabeças, mas Héracles conseguiu matar a ambos e levar os bois para Euristeu.
Essa foi uma das tarefas mais difíceis de ser realizada, já que Héracles não sabia onde encontrar os pomos. As frutas foram um presente das deusas da Terra para Hera, como uma recordação pelo seu casamento. Hera incumbiu às filhas de Héspero a guarda dos pomos, que eram vigiados por um dragão de cem cabeças. Héracles chegando nos Montes Atlas, na África, trocou de lugar com o titã e sustentou sozinho nos próprios ombros o peso do firmamento. Enquanto isso, Atlas matou o dragão e foi buscar os pomos dourados. Ao retornar, o titã relutou em querer retomar o seu posto como "sustentador dos céus", mas acabou aceitando e entregou as frutas a Héracles.
A última tarefa do herói foi descer até ao mundo inferior dos mortos para capturar Cérbero, o cão de três cabeças, e leva-lo para o mundo superior. Héracles foi ao submundo acompanhado dos deuses Hermes e Atena e recebeu licença de Hades, para levá-lo, desde que não se usasse armas. Mas mesmo com toda a resistência do monstro, o herói conseguiu agarrá-lo, subjugá-lo e leva-lo até Euristeu. Após o rei ver que a tarefa havia sido cumprida, Héracles conduziu Cérbero de volta ao mundo dos mortos.
Assim que realizou todos os trabalhos que lhe foram incumbidos, Héracles casou-se com Dejanira, filha do rei Eneu de Cálidon. Em uma viagem, o centauro Nesso se ofereceu para ajudar Dejanira a atravessar um rio, mas no meio da travessia, ele tentou raptá-la. Ao ver a cena, o herói pegou uma de suas flechas e desferiu contra o centauro. Antes de morrer e com desejo de vingança, Nesso confidenciou para Dejanira que seu sangue seria um poderoso elixir do amor e a orientou a guarda-lo, pois caso um dia ele deixasse de amá-la, deveria oferecer-lhe a poção. Tempos depois, Héracles realmente se apaixonou por outra mulher. Dejanira acreditando nas palavras que lhe foram ditas, presenteou o herói com uma manta que continha gotas do sangue do centauro. Ao vestir a manta, o veneno penetrou em sua pele e vindo a mata-lo. Seu filho mais velho, Hilo, levou o corpo para o Monte Eta, onde foi depositado em uma pira funerária e sendo acesa pelo guerreiro e amigo Filoctetes. A fumaça fúnebre chegou até Zeus, seu pai, que enviou um raio apagando a chama e este lhe concedeu a imortalidade no seio dos demais deuses do Olimpo e ainda recebeu como última esposa Hebe, a deusa da juventude.
Todo o enredo que aborda a vida de Héracles e os seus doze trabalhos é realmente fascinante. Não é a toa que ele foi alçado ao patamar de herói mais notável da cultura grega antiga. Mas esse artigo nada mais é do que um apanhado básico de quem foi esse semideus e suas prodigiosas façanhas. Como temos a convicção de que as lendas gregas são extremamente cativantes, aconselhamos com louvor a leitura dos dois volumes da obra de Monteiro Lobato. Mesmo sendo uma obra direcionada ao público infantojuvenil, a narrativa é envolvente e rica em detalhes. Uma leitura que com certeza enriquecerá e expandirá o seu horizonte para essa que é uma das mais belas narrativas do universo grego antigo.